A paleta de cores da democracia

Creio que todos aprendemos na escola os significados modernos das cores da Bandeira do Brasil (não aqueles de casas imperiais e outros anacronismos). Verde representa a nossa natureza, azul é o nosso céu com suas estrelas, branco é a paz e amarelo…. a nossa riqueza, simbolizada ali como o ouro. Assim ficou no imaginário de gerações de brasileiros. Pois é exatamente este símbolo que não mostra, historicamente, a nossa riqueza, e menos ainda o faz no presente. Nosso amarelo representa uma história de colonialismo, de subjugação, de escravidão, de matanças, de mentiras, de ganância desmedida, de opressão, de quintos dos impostos, de dependência de um “commodity”, de atávico, de subdesenvolvimento. Hoje em dia cai bem no vestuário de quem assumiu esse atraso com suas atitudes distópicas e, infelizmente, antidemocráticas. É exibido por quem veste uma camiseta de uma seleção que, por sua vez, tem um ideário mercenário e traz consigo a lembrança da desigualdade, da corrupção, da vergonha. Significa a destruição de matas (e lá se vai o nosso verde) em garimpos, grilagens e madeireiras (pseudo-)legais e ilegais. Isso ao custo de chicanas antidemocráticas, negociatas e a costumeira vista grossa indulgente ao crime. Infelizmente, amarelo não é democracia — muitos baniram esta cor de suas vidas. Talvez devêssemos mesmo considerar uma repaginada em nossa bandeira. Nossa riqueza não está na simbologia de um mineral, mas na nossa diversidade humana, cultural, biológica, geográfica. O Brasil precisa mais que um arco-íris inteiro para representar sua riqueza e sua democracia — precisa de toda a paleta de cores e, nesse contexto, os tons de amarelo compõem uma fração do que se deseja para um país digno e democrático. Ah, e aproveitando também, vamos repensar aquele infeliz e mofado “ordem e progresso”, coisa de gente negativa/positivista que não reflete muito sobre o que uma sociedade precisa — pensemos em valores mais nobres como democracia, igualdade, sustentabilidade, diversidade, entre outros. Folha, continue a campanha, porque ela é necessária, mas abandone o amarelo e abrace nossa diversidade!

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